segunda-feira, junho 27, 2011

Fragilidade invernal

Tudo está bem. Começam a cair as folhas das árvores e os primeiros ventos sopram.
O sol aparece, tímido nos dias nublados,  mas resplandecente e alaranjado nos demais.
Maio passa, as árvores estão despidas, os galhos começam a secar.
Junho. O inverno chega.
E agora sim, tudo está limpo. Vazio, nítido. Claro e arejado. Simples.
Os pensamentos estão assim também, claros, arejados, simples. A diferença é que a claridade e a simplicidade que esses ganham se dá pelo fato de serem poucos, quase nenhum.
À medida que as folhas vermelhas das árvores cansadas do outono caem, as ideias, as certezas, e tudo que parecia duradouro e estável começa a desaparecer.
No fim de maio são só pequenas amostras do que costumavam ser, e quando junho emerge no horizonte, já não se sabe mais de nada.
Tudo cai por terra e todos os dogmas são descartados. Toda a segurança vai embora, e não há mais como ser segura de si. 
Como se a passagem do tempo lhes colocasse sobre os galhos finos das árvores que secaram: pendem para o lado do vento fraco; quebram-se ao meio se os ventos fortes e decisivos lhe alcançarem.