terça-feira, janeiro 10, 2012

"Saudade", essa relíquia da língua portuguesa.


Que saudade.
Que saudade de quando eu escrevia.
Que saudade de quando eu ainda tinha coração para escrever.
Sabe, escrever não é ato voluntário, desses que podemos nos por à mesa e simplesmente começar a rabiscar o papel. Escrever é involuntário, vem de dentro... se duvidar, do coração.
Tão involuntário quanto respirar, quanto fazer o coração bater, ou o sangue circular. Tão involuntário quanto um acidente; tão involuntário quanto um amor à primeira vista.
Há tempos - algumas semanas, pra dizer a verdade - sinto uma vontade grande de falar. De colocar no papel o que eu sinto, de dizer tudo que eu tenho pra dizer. E o que sai? Ah, um bando de palavras sem sentido! Bonitas, organizadas... mas tão vazias quanto um balão.
Cheguei a pensar - erroneamente, é claro - que a minha aptidão para redações ou textos mais formais pudessem me ajudar de alguma forma, dar algum contexto, ou "puxar" uma  inspiração de algum lugar... Balela! Racionalidade não serve pra essas horas. Serve, no máximo, pra corrigir um erro de português aqui ou ali.

Mas voltando ao assunto: que saudade que eu sinto!

Dizem que saudade é o sentimento que vive nos peitos vazios e nas cabeças que se preocupam com tudo. Dizem que saudade é uma lembrança de algo que passou e a esperança remota de que aquilo se repita.
Eu digo que saudade é o que explica esse caos cá dentro. É o que explica essa vontade de esquentar o peito mais uma vez, de pensar como antes; de estar "aberta a novas vidas dentro duma só".
É o sentimento que explica o porquê eu não escrevo mais. Ou porquê eu ouço as mesmas músicas e não sinto mais as mesmas coisas. É o termo da língua portuguesa - única e exclusivamente dela - que traduz o porquê calo quando penso.

A tenho da ignorância, da bobeira, dos momentos de alegria. Tenho saudade da cegueira, do calor... daquela vontade de jogar-se dum penhasco a cada dia. Como dizia Nietzsche: "Você ama o desejo, não o desejado".

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