sexta-feira, julho 24, 2009

Onde está minha casa?

Sabe, tempos de mudanças são difíceis... Mas não de qualquer mudança: os tempos que a nossa alma muda de casa são os piores.
Você literalmente fica sem chão, sem teto. Não há portas para se abrirem, nem existem janelas para deixar a luz entrar; só você e a sua alma, sozinhas, no frio, à beira da estrada e de malas prontas.
"Será que alguém vai parar e nos buscar?", você se pergunta quando vê algumas outras almas e seus donos desembarcando do bonde da solidão, para se acomodarem ao seu lado.
"Acho que agora é deifinitivo", quando você dá mais alguns passos no escuro e vê no chão alguns corpos jogados, com sede e frio, totalmente abandonados.
Nesse lugar, só existe a noite. Uma noite que não quer terminar jamais. Ou será que o dia é que foi encoberto pelas nuvens de dor que passam ali?
De repente, caminhando mais alguns metros ao lado daquela estrada, no meio do nada você reconhece um rosto. Não pode ser, foi ele quem mandou sua alma embora, como pode estar aqui também? "Será que ele sente dor?". Você se aproxima ainda desoladamente curiosa, ele te vê e rapidamente escondo o resto. "Ela não pode me ver aqui, não pode me ver assim", ele clama.
E sem pensar, você anda e senta-se ao lado dele. Ambos ali, de coração judiado, à beira da estrada, mas um detalhe, ele está sem malas. Ele havia perdido seu coração.
O coração daquele rapaz está sentado ao lado dele, ansiando por respostas, por parar aquela dor.
Subitamente os dois se olham, e algo estranho acontece: uma réstia de sol bate no peito vazio dos dois, que torna a aquecê-los. Fecham os olhos, se abraçam. Já não estão mais naquele lugar. E ela está sem malas agora, porque não precisa mais disso: sua alma acaba de voltar para casa.

3 comentários:

Robi disse...

:s

Legal Bocógilda! :DDD Bem lindo.

Beijo :*

Doki☺Heytor disse...

*---*

Daniela Filipini disse...

Que LINDO *-*
Simplesmente e incrivelmente lindo!